terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Retorno ao espelho.


Gostaria de estar conseguindo escrever.
Estou deprimido, mas não vem palavras à minha cabeça.
Isso quer dizer que eu não tenho necessariamente um motivo,
Talvez eu só queira estar deprimido mesmo.

Estar deprimido significa, olhar pro nada e ver muita coisa.
Olhar pro nada e não pensar em nada.
Um filme está passando na cabeça,
Mas não consigo reagir.

Um filme preto em branco para ser mais dramático.
A esperança que eu adoro tanto em “A felicidade não se compra”
Não está presente.
Esse filme me deprime.

O preto em branco ganhou cores.
Vejo eu mesmo na minha frente.
Camiseta roxa, cabelo grande, barba mal-feita
Olhos que parecem acreditar que vai algo acontecer.
Há algo acontecendo.

A vida vai bem.
Meus sonhos mais alcançáveis, foram alcançados.
Mas me sinto sozinho,
E não está mais tão bom quanto era antes.
Dependo do pensamento de não estar e não me sentir sozinho.

Um pensamento,
Uma vontade que não é bem uma vontade,
É momentânea,
Gostaria de ser mais...
Faltam palavras para descrever o que eu gostaria de ser mais.

Eu penso em você antes de dormir.
Antes de pensar, gostaria de que você estivesse aqui.
Mas não sei onde o meu pensamento foi ou está.

Estou falando de mim.

O espelho faz eu olhar para mim,
E eu não desvio o olhar,
Mas gostaria de já ter desviado.

Gostaria de ter dito tanto.
Tenho tanto para falar, mas me faltam palavras,
Faltam-me pessoas para escutar.

Amedronto pessoas com o tanto que eu quero dizer.
Elas fogem de mim ou então estão comigo quando há outras pessoas juntas.
Relembro mais uma vez:
Estou sozinho.

Fecho o espelho e saio de cabeça erguida.
Fim de mais um ato.
Poderia ter ficado melhor se eu realmente estivesse aqui.

Rodrigo Augusto Lopes.

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